terça-feira, 22 de abril de 2008

Chá com um amigo


Uma chávena quente mantinha as minhas mãos longe do frio. Uma conversa lembrava a razão do meu coração estar quente. Falávamos das namoradas, da família, de música e de nós. De vez em quando um trago quente ressuscitava a voz e deixava a chávena mais fria. Mais umas palavras quentes mantinham o ambiente confortável e apetitoso. Uma chávena poisada, umas palavras vindas de uma cabeça quente, um suspiro e uma chávena que voltava a proteger as mãos do frio. De vez em quando uma mão fugia para dar voltas no ar, acompanhando algumas outras palavras, e voltava a proteger-se na chávena. Mais um trago, umas risadas, mais palavras e mais um trago. Enfim a chávena tornou-se fria e incapaz de proteger as mãos. O relógio, vendo isto, lembrou-se de se colocar à frente de dois olhos. Umas palavras de despedida e um abraço. Um porta fecha e ambas as chávenas são lavadas, secas e arrumadas. Enquanto um corpo se deita elas ficam a sonhar com o sabor do próximo chá.