sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Figura que passa..

E da figura que passa, daquela que deixa apenas como marca a sua passagem que já foi e não volta a repetir-se, dessa figura de um estranho que passou sem querer, alheio ao que estava a provocar e que nunca saberá o que marcou, desse vulto que criou uma sombra de dúvida e de vontade de voltar atrás e iluminar-lhe o rosto, desse corpo que deixou um aroma marcado no meu nariz, desse alguém que passou por mim, fica apenas uma passagem que nada mais fez que ser ignorada por todos, mas cuja ignorância marcou um momento, o segundo que marcou a sua passagem.

sábado, 1 de novembro de 2008

Rascunhos


Perdido… Sempre perdido! Vá, esfregar a os olhos, respirar fundo, abanar a cabeça e olhar para o texto outra vez. O banco do autocarro sofria com o meu peso… Mais uma metáfora repetitiva. Tentar outra vez! As duas vozes suaves que estavam atrás de mim… Boa, estavam atrás de mim e daí? São banalidades! Entretanto uma voz respondia suavemente aos porquês do filho… E isso interessa a alguém? Começo a ficar farto! Calma, concentração, inspiração. Inspiração… Já não sei o que é isso. Espera, estou a sentir o peito a inchar involuntariamente, estou a viver palavras, imagens e cheiros à minha volta, acho que me estou a inspirar… Não, estou a forçar a coisa. Aliás, se estivesse inspirado não estava com tanta raiva do que estou a escrever. Estou só a perder tempo e a desperdiçar bateria. Mas que mania a minha! Mas por que raio é que eu tenho d tentar colocar nas palavras o que sinto esperando que quem ler irá sentir o mesmo que eu? Eu sou científico, racional, e sei que isso não é possível. E pronto, para não variar dou por mim a contrariar-me a mim próprio… É isso e a minha mania de falar demasiado, sem demasiadamente sincero. OK, isto agora está a parecer uma introspecção… Estou sem paciência para deprimir agora. Que raiva! Que se lixe o computador e esta sensação e o texto que eu ia escrever! Vou dormir!