quinta-feira, 2 de julho de 2009

Dia de sonhos

O som do despertador fez-me levantar sobressaltado, atirando-me ao botão de “off” para que aquele teimoso não acordasse a casa toda. Deitei-me novamente desesperado por dormir mais umas horas, mas possuía apenas alguns minutos para me preparar para o novo dia que se aproximava. Um gemido de revolta acompanhou um esfregar longo de olhos enquanto o meu corpo se espreguiçava. Levantei-me, atirei a roupa para cima da cama, visitei o duche, sequei-me, vesti-me, tomei o pequeno-almoço, lavei a malga e a colher, peguei no telemóvel, careira, chaves, livros e caneta e saí de casa. No caminho vi uma face que esperava, já durante algum tempo, a chegada da sua salvação, aquele que a iria salvar de um caminho duro e difícil. Passei por ela e alguns segundos depois chegou-lhe a tal salvação, o autocarro para em frente dela. Continuei o meu caminho e dois corpos sofriam a separação que iria ser quase uma eternidade. O amor dela e a paixão dele pelo corpo dela iam fazer uma tarde de trabalho quase uma eternidade até poderem encontrar-se novamente no seu ninho de sexo e prazer. Do outro lado da estrada alguém sujo, com aparência desagradável e repugnante seguia o seu caminho quando me deitou um olhar que, pedindo ajuda nenhuma, mostrava-se orgulhoso em manter aquele aspecto e aquela vida. Fui depois acompanhado por um anjo de cabelo encaracolado que parecia ter saído do seu caminho para me proteger e acompanhar em mais uma jornada do meu dia. Senti-me repentinamente feliz e seguro, julgando talvez ter encontrado alguém especial, mas aquele anjo virou à esquerda, entrou num café e cumprimentou alguém com um beijo caloroso, sem nunca me ter deitado um olhar. Entrei no campus, cumprimentei dois conhecidos, um deles acho que sei como se chama, o outro é amigo do que quase sei o nome. Cumprimentei com dois beijos uma amiga que, perdendo-se nas complicações das avaliações e pressões, possuía agora uma vida cheia de aulas repetidas, sendo agora apenas mais uma conhecida que um dia até teve alguma importância na minha vida. Cheguei ao edifício onde iria finalmente conseguir formar-me com profissional e pessoa, abri a porta a uma menina que, sem qualquer face sorridente, de disse um “obrigada” meio obrigado e continuou o seu caminho. Entrei no anfiteatro, quase adormeci na minha formação pessoal que apenas debitou matérias e conhecimentos tão inúteis como desapropriados, visando por uns segundos algo realmente importante e interessante, mas como não era uma especialidade ou tese da professora, foi referido de maneira efémera. Acabou a aula, caminhei ao som de música do mp3, não ligando ao que estava a acontecer ou passar por mim, cheguei ao quarto, sentei-me na cama e pensei “De que valeu a pena sonhar?”