domingo, 17 de fevereiro de 2008

Chuva viva

Uma pequena gota escorria pelo vidro. Quanto mais escorria a mais outras gotas se juntava, ficando mais pesada e escorrendo cada vez mais depressa em direcção ao precipício onde a minha alma se sentia. O relógio insistia em marcar a passagem dos segundos, a passagem do tempo que eu perdia agarrado àquele desperdício de vida. É engraçado que o relógio é a prova mais evidente de que o tempo passa sem parar e mesmo assim usamo-lo para desperdiçar mais um pouco da nossa vida nos nossos stresses e correrias. Outra gota começava a sua descida em direcção ao precipício onde aguardava a minha alma pela minha reacção. Mas a minha coragem continuava envergonhada a um canto e a minha vontade de viver tinha feito uma pausa. E eu continuava a ver as gotas a iniciarem a sua descida lentamente e a acabarem a correr em direcção ao precipício onde a minha vontade e auto-estima se tinham juntado à minha alma. E eu observava mais gotas a descerem. Pus um dedo no vidro do tranporte imobilizado. O meu cabelo escorria água e as minhas roupas estavam demasiado assustadas com o meu estado de espírito para se descolarem do meu corpo. O meu dedo apanhou uma gota de água que corria para o seu fim. Ela deteve-se um pouco no meu dedo, olhou para mim com tristeza e esperou. Não lhe consegui dizer nada. E ela simplesmente sorriu para mim e caiu. Ela sentia-se feliz por continuar o seu caminho e morrer no precipício onde estava a minha alma. Olhei para cima, para o ventre que paria todas aquelas pequenas vidas. A progenitora sorriu para mim. Senti uma revolta e gritei-lhe “Como podes estar feliz se estás a enviar os teus filhos para a morte?”Ouvi então a resposta que eu precisava para chamar a minha coragem e vontade e descer o precipício à procura da minha alma. E a resposta foi apenas esta “ A morte e a dor significa que elas vivem. E viver é razão suficiente para elas serem felizes. Se não vivessem, não sentiam!” E então eu gritei a quem me quis ouvir a coragem e vontade que eu tenho de viver e de sofrer “A mim a capacidade de continuar a ser uma pequena parte de Deus, de ser um pequeno milagre!” E um sorriso abriu-se na face que se encontrava ao lado da minha...

6 comentários:

Anónimo disse...

Profundo...so acho k repetes mts vezes precepicio...devias tentar diversificar.
Abraço

Anónimo disse...

Deve ter alguns problemas metafisicos. Ah, e a ultima fala podia estar mais poetica, se e que percebe o que quero dizer.
De resto, nem ta nada mau.

Nyctea disse...

Ao nivel metafisico,surgiu-me um novo conceito de Deus que inda não tive muito tempo para explorar, infelizmente. Ao nivel da poeticidade, devo admitir que tenho estado com pouca inspiraçao e criatividade, e este texto foi o melhor que me saiu. Dai as suas falhas. Peço desculpa pela perda de qualidade, mas o meu estado nao m permitiu mais!

Anónimo disse...

Sem duvida muito bonito! acho que escreves mt bem!! devias ter vindo para letras! :-))

Aquele bjinho amigo!!

Nyctea disse...

Apesar de gostar de escrever e as letras não me desgostarem, eu respiro biologia e ciência. Posso sempre compensar escrevendo no blogue e no meu livro pessoal, que, verdade seja dita, tem estado um pouco ao abandono.

Anónimo disse...

Este texto tá forte.Adorei a última parte!
Ah como é a minha primeira visita tenho a dizer-te que o blog está muito fixe.
Ah também acho que devias ter seguido a profissão de escritor,lol.
Jinhu gand