
quinta-feira, 27 de março de 2008
Splash no parque!

terça-feira, 18 de março de 2008
Evangelho segundo a Dor

Uma ponta de ferro era segurada estaticamente no ar. Uma brisa trazia choros, mágoas e gritos de dor até aquela ponta que agora suspirava antes de começar o seu doloroso serviço. Aquele serviço, aquela função a que fora destinada a partir do momento em que foi comprada era amaldiçoada por todos os que a rodeavam, mas no fim dos tempos, depois de tudo se endireitar ela seria santificada, colocada a par das coisas mais sagradas. Mas por enquanto apenas começava a receber empurrões que a faziam atravessar camadas e camadas. Ao primeiro empurrão abriu um pequeno furo. Ao segundo começou a penetrar aquele meio e a sentir um doce e quente aroma férrico. Mais pancadas faziam-na mergulhar naquele aroma. Cada vez estava mais mergulhada. Bateu num objecto duro que imediatamente estilhaçou. Os fragmentos brancos espalharam-se naquele meio e soltaram um urro. Apenas agora reparava que a cada empurrão que sofria um grito era solto. Mais um empurrão, mais mergulhada estava naquele aroma, mais estilhaços se espalhavam e mais gritos eram soltos. Por fim sentiu uma lufada de ar. Estava agora a sair daquelas camadas, tinha atravessado-as. O aroma escorria por ela e chegando à sua ponta caia como chuva, em gotas. Começava agora a sentir outra camada. Mais uma para atravessar? Os empurrões continuavam, mas agora os grito não se ouviam, não haviam estilhaços e o aroma era mais frio, seco e com um aroma fresco a primavera. Por fim os empurrões pararam. A nova camada não tinha sido atravessada. Começava a sentir empurrões e gritos de outro lado. As suas irmão estavam agora a seguir os seus passos. No fim daquilo seria solta das duas camadas, tal como as suas irmãs e não seria perdida no tempo como as suas primas. Porque nessa altura já estaria santificada, seria demasiado importante para ser esquecida. Agora apenas segurava as duas camadas juntas. A sua função era monótona, mas umas palavras soltas atravessaram-lhe a alma fria e metálica. A essas palavras já não interessava o beijo que ardia, os espinhos e pedras que esbarravam com os seus pés enquanto era arrastado, a coroa que queria agarrar-se à sua pele, o monte de madeira que estava às suas costas, o atravessar das suas mãos e pés por aquelas pontas metálicas. Apenas interessavam elas próprias, essas palavras, esse “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” E o aroma quente e férrico pingava. Gota a gota a humanidade era salva!
segunda-feira, 3 de março de 2008
Forças
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